quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Eu também quero uma rua


Eu quero uma rua fechada
p'ra só eu poder passar!
Não quero que ninguem m'estorve
e onde possa manobrar

Agora vai virar moda
fechar ruas, proibir!
Só os moradores lá passam
tanto a entrar como a sair...

Foi na rua 32a
que puseram um sinal!
Só os entram os moradores
para a casa e p'ro quintal!...

Que se lixem as criancinhas
à hora de ir para a escola...
Não há carro p'ra ninguém:
vão todos molhar a "tola"!

Que desgraça verdadeira
esta triste situação!
Até parece impossível
semelhante confusão...

Não sei qual foi a entidade
que tal coisa permitiu!
Mas quero mesmo saber
de onde é que isto saiu...

Mas que gente "comichosa"
esgoísta e intransigente!
Parecem tão educados
mas só aparentemente...

E ao "partirem desta vida"
S. Pedro vos vai esperar.
Não vão entrar de certeza,
pois a porta vai fechar!...

Desejo-lhes sinceramente
numa situação igual,
"Que vossos filhos e netos
apanhem um temporal!"

Que não os possam abrigar
mesmo tendo mil carinhos...
e quando os forem buscar,
que lhes barrem os caminhos!

Inverteram-se os papeis,
tudo a pé e à chuvinha...
Fazer "running" de manhã
e nunca mais à noitinha!...

Uma coisa eu também quero!
Disso não vou abrir mão:
"Uma rua só p'ra mim,
por vaidade e presunção!"

(Margarida Bodas)

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Uma árvore à Beira do Caminho


Uma árvore à Beira do Caminho 

Perto de Espinho havia uma árvore 
havia uma árvore à beira do caminho 
E havia um buraco naquela árvore 
perto de Espinho. 

(E o povo sabia que havia um buraco 
naquela árvore à beira do caminho.) 

Mas quando vieram os embuçados 
à procura dum médico em terras de Espinho 
o povo calou-se não disse nada. 
(E o povo sabia que havia um médico 
naquela árvore à beira do caminho.) 

Esta é uma história que todos sabem 
em terras de Espinho. 
Esta é história duma árvore 
à beira do caminho 

Era noite cerrada noite negra 
era noite de morte no caminho. 
E de repente chegaram os embuçados: 
procuravam um médico em terras de Espinho. 

Era noite sem lua noite de emboscada 
noite de um homem não andar sozinho. 
Por isso o povo não disse nada: 
era noite de embuçados no caminho. 

Disseram ao povo que havia um ferido. 
Mostraram as mãos: seria sangue? seria vinho? 
E ninguém foi chamar o médico escondido 
naquela árvore à beira do caminho. 

Era noite sem lua noite de sangue 
era noite de esperas no caminho 
Embuçados chegaram. Embuçados partiram 
Procuram um médico em terras de Espinho 

Já corre um mensageiro para aquela árvore 
à beira do caminho 
Há embuçados. falaram dum ferido 
Mas o sangue que vimos era vinho 

Já o médico sai do seu buraco 
naquela árvore à beira do caminho. 
(Ai a noite sem lua 
aí o sangue tem a cor do vinho) 

Catorze balas o esperavam 
catorze balas o mataram nessa manhã em Espinho 
as mãos do povo vinham florir 
aquela árvore à beira do caminho. 

Mas todos os anos na mesma manhã 
em que o sangue corre nessa aldeia de Espinho 
as mãos do povo vinham florir 
aquela árvore à beira do caminho. 

Mas no dia seguinte no mesmo dia 
em que havia uma árvore (perto de Espinho) 
as mãos do povo vieram plantar 
outra árvore à beira do caminho. 

De quando em quando voltam os embuçados 
e cortam a árvore do povo de Espinho. 
Mas há sempre alguém para plantar 
outra árvore à beira do caminho.

(dedicado ao Dr. Prata - Antonio Carlos Ferreira Soares
assassinado pela PIDE em Julho de1942)

terça-feira, 25 de julho de 2017

Marcha a Espinho (e ao SC Espinho)

Espinho! Espinho! Uma cidade bonita

Espinho! Espinho! Uma cidade bonita
Espinho! Espinho! Nascida à beira-mar
Espinho! Espinho! É um nome que se grita,
 é um nome que se grita, que se grita e a cantar!

Espinho! Espinho! É um clube que se agita
Espinho! Espinho! Com vontade de ganhar
Espinho! Espinho! É a terra que se habita, 
é a terra que se habita, e que se fica a gostar!

Espinho é praia de ilusão!
Espinho é o nome de uma canção!
Espinho é gente que quer viver!
Espinho é terra sempre a crescer!
Espinho é gente que quer viver!
Espinho é terra sempre a crescer!

Espinho! Espinho! Uma cidade bonita
Espinho! Espinho! Nascida à beira-mar
Espinho! Espinho! É um povo que se agita, 
é um povo que se agita, com vontade de ganhar!

Espinho! Espinho! Os Tigres da Costa Verde!
Espinho! Espinho! Corre sempre sem parar!
Espinho! Espinho! A esperança não se perde, 
a esperança não se perde, voltaremos a lutar!

Espinho é praia de ilusão!
Espinho é um nome de uma canção!
Espinho é gente que quer vencer!
Espinho é terra sempre a crescer!
Espinho é gente que quer vencer!
Espinho é terra sempre a crescer!

Espinho! Espinho!
(Francisco Barbosa Fernando)

quinta-feira, 16 de março de 2017

Súplica à Senhora da Paz (Miraculosa)


Nossa Senhora, Mãe de Jesus,
Dá-nos a graça da tua luz.
Virgem Maria, Divina Flor,
Dá-nos a esmola do teu amor.

Miraculosa, Rainha dos céus
Sob o teu manto tecido de luz,
Faz com que a guerra se acabe na terra
E haja, entre os homens, a paz de Jesus.

Nossa Senhora, Mãe de Jesus,
Dá-nos a graça da tua luz.
Virgem Maria, Divina Flor,
Dá-nos a esmola do teu amor.

Se em teu regaço, bendita Mãe,
Toda a amargura remédio tem,
As nossas almas pedem que vás,
Junto da guerra, fazer a paz!

Pelas crianças, flores em botão...
Pelos velhinhos sem lar nem pão..
Pelos soldados que à guerra vão...
Senhora escuta nossa oração!

Miraculosa, Rainha dos céus
Sob o teu manto tecido de luz,
Faz com que a guerra se acabe na terra
E haja, entre os homens, a paz de Jesus.

Almas no exilio da escravidao
Pedem auxilio da Tua mao
E vao de rastos por toda a parte
De olhos nos astros, a procurar-Te!

Se a Tua Graça, por onde passa
Vence a desgraça mais desgraçada,
Nesta amargura que nos tortura
Põe a doçura duma alvorada!

Miraculosa, Rainha dos céus
Sob o teu manto tecido de luz,
Faz com que a guerra se acabe na terra
E haja, entre os homens, a paz de Jesus.

Fausto Neves (musica)
Carlos de Moraes (letra)

Escrito em Maio de 1940


O original da musica está no Santuario de Fatima e foi entregue ha cerca de 30 anos por Mário Neves, filho de Fausto Neves